Autores, livreiros, editores e outros integrantes da cadeia do livro no Estado, sugeriram, no ano de 2008, a retomada de um fórum de discussões criado em 2003, a fim de reunir os integrantes dessa cadeia para identificar questões e soluções, inclusive políticas, do fomento à literatura, ao livro e à leitura no Estado do Ceará.

Em conseqüência dessa retomada, foi fundado, no dia 13 de janeiro de 2009, oficialmente, o FLLLEC – Fórum de Literatura, do Livro e da Leitura  do Estado do Ceará, com a participação de representantes das instituições setoriais, da SECULT e de organizações da sociedade civil interessadas no tema.

A partir da fundação, os membros do FLLLEC e convidados reúnem-se mensalmente, em sessão aberta ao público. O Fórum de Discussões realiza-se obedecendo aos seguintes princípios:

  • O acesso à leitura e ao saber é direito de todos, indistintamente, e as políticas públicas do livro devem ser pautadas nesta premissa.
  • Os debates devem ser apartidários, contudo politizados e, acima de tudo, democráticos.
  • As reuniões do Fórum e suas pautas devem ser prévia e amplamente divulgadas, incentivando a participação da sociedade, inclusive na seleção dos temas para discussão e nos debates de assuntos que são considerados polêmicos, não raro por desconhecimento do cidadão comum.
  • A comissão executiva e os participantes devem dar um encaminhamento prático ao que for discutido. O Regimento do FLLLEC deve ser respeitado por todos os participantes.

O FLLLEC agrega todos os participantes da Cadeia do Livro, Leitura e Literatura como escritores, autores independentes, ilustradores, livreiros, editores, distribuidores, professores e mediadores da leitura, bibliotecários, leitores, entre outros.

Missão

O FLLLEC é um órgão colegiado, de caráter consultivo, que tem por finalidade propor a formulação de políticas públicas, com vistas a promover a participação democrática dos diversos segmentos sociais que integram o universo da literatura e a articulação e o debate nos diferentes níveis de governo e sociedade civil organizada, para o desenvolvimento e o fomento das atividades culturais especialmente ligadas à literatura.

O FLLLEC se fundamenta no princípio da transparência e da democratização da gestão cultural no âmbito da literatura, constituindo-se em espaço permanente de diálogo e de consulta para participação da sociedade civil na formação de políticas de cultura. Ele é formado por membros de instituições formais e informais.

Entre as principais atribuições do Fórum está a tarefa de propor políticas culturais de literatura para o Estado, promover e/ou participar de discussões públicas em torno da proposta orçamentária anual do Estado para investimentos no setor e estimular a democratização, descentralização e disseminação de atividades de produção e difusão da literatura no Estado.

4 comentários em “Sobre o FLLLEC

  1. Sou bibliotecária e faço parte da diretoria da Associação de Bibliotecários do Ceará. Presidente da Sociedade de Amigos da Biblioteca Comunitária do Conjunto Ceará. Professora da Universidade Federal do Ceará, aposentada.

  2. Eu outra vez! Só para corrigir minha queixa: na ficha de inscrição aparece a opção de Núcleo de Medidores de Leitura, que não aparece como link no blog logo abaixo da notícia do seminário, então me sinto contemplada e fico feliz. Esse espaço é importante!
    abçs,
    Goreth

    1. Goreth,

      Agradecemos pela sua sugestão, a ficha já foi corrigida. Entendemos que os mediadores são importantes agentes nesse processo de fomento da literatura. Esperamos sua presença e qualquer sugestão pode nos enviar.

      Atenciosamente,

      Luiza Helena Amorim
      Editora do Blog

  3. LEI DO LIVRO: CADÊ O LEITOR?

    Podemos afirmar com uma grande margem de acerto que a indústria editorial no Brasil (e na Bahia) vai muito bem, obrigado. E não é para menos. Afinal, no ano de 2003, foi promulgada a Lei 10.573, a charmosa Lei do Livro, que acabou com os impostos relativos à produção do livro no país a fim de baratear o seu custo e de criar um Fundo de Incentivo à Leitura através de 1% do faturamento das editoras. Claro que a idéia, aparentemente, é ótima, pois o menor preço do livro acarretaria um maior acesso ao mesmo com um conseqüente número bem maior de consumidores.

    Tudo muito belo. Mas na prática tal não acontece. Nem o preço do livro baixou, nem o acesso ao livro aumentou, nem as editoras contribuem para o tal Fundo de Incentivo à Leitura. E o que acontece mesmo? Bem, o mercado do livro no Brasil fatura anualmente cerca de três bilhões de dólares, mas só o Ministério da Educação compra algo em torno de 70% do que é vendido, quase tudo livro didático (e para-didático), quase nada de literatura e nada, nada mesmo de poesia. E se for literatura e poesia negra e/ou indígena aí o bicho pega, nadíssimo de nada.

    Resultado: milhares de livros são distribuídos nas escolas, mas pouquíssimos alunos sabem ler ou interpretar o que leram. O que poderia mudar essa realidade, a presença da literatura e da poesia em sala de aula, não existe. Nem contadores de histórias, nem cordelistas, rappers, emboladores, fazem parte da cabeça dos professores, do conteúdo das jornadas pedagógicas, do currículo das escolas. Ano após ano nada se discute para por em prática a formação de leitores através mesmo de uma simples leitura em sala de aula como atividade obrigatória em todas as disciplinas.

    Apesar de que a cada dia serem descobertas novas experiências de sucesso com o uso da leitura e releitura em sala de aula no tocante à diminuição da repetência e da evasão em matérias como matemática e química onde a leitura é sempre vista como algo obrigatório, difícil, chato e distante.

    Por tudo isso, no Brasil, nenhum escritor consegue viver do seu trabalho, quase sempre obrigado a buscar a sobrevivência em outras atividades como tradução, palestras, oficinas, cursos, etc. A Lei do Livro foi aprovada, mas as editoras nada fazem para apoiar bibliotecas e programas de leitura quando nada com a doação de títulos que possibilitem a atualização de acervos e a dinamização do espaço para além de um mero depósito de livros velhos, mas como autêntica usina de apoio à criação de múltiplos saberes, fazeres e leituras do mundo.

    E muito menos as editoras trabalham em contrapartida aos benefícios da Lei, no sentido de fazer com que os escritores e poetas possam pelo menos sonhar em viver do que fazem. Nem no de capacitar professores para que possam levar a literatura e a poesia para a sala e aula como prática principal para a formação de novos leitores com capacidade de pensar criticamente o conteúdo dos livros. Claro que isso é perigoso para a manutenção do estabelecido. No mínimo os editores devem ficar com medo de que a literatura e a poesia venham atrapalhar as polpudas vendas dos valiosos e insípidos “didáticos” e de alguns “para-didáticos”.

    Se é burrice ou má fé ainda não se pode afirmar, mas afinal, para que serve a Lei do Livro? Para estimular a compreensão da leitura ou a usura dos editores? Onde anda o Fundo de Incentivo à Leitura, no fundo do poço da ganância ou na inoperância da Lei? O que sei é que 95,5% dos alunos na quinta série do ensino fundamental não consegue compreender um pouco do que leu. No ensino médio, 67% dos alunos não compreende os textos do seu nível se escolaridade. E 57% dos alunos em onze anos de aprendizado não consegue compreender nada do que lê ao sair das escolas. No nível superior não é muito diferente, pouquíssimos entendem o que lêem.

    Podemos concluir então que talvez seja oportuno criarmos uma Lei da Leitura (mais uma) já que até agora a do livro beneficiou apenas a ganância e a usura das editoras. Ou, em contraponto às bienais e feiras DO LIVRO, que privilegiam o produto livro, o mercado, as editoras e as livrarias, e muito pouco a leitura, a fomação de leitores, os autores nacionais e locais, criarmos (governos e privados) FEIRAS E BIENAIS DE LEITURA, que, sem excluir o livro, o mercado, o lucro, priorizar a leitura, a formação de leitores em todas as suas possibilidades, haja vista que mais de 50 mlhões de analfabetos no país justificam todo tipo de esforço e investimento em programas e ações para levar os novos alfabetizados a exercitarem a leitura de modo que não voltem rapidamente à condição de analfabetos, como está visivelmente ocorrendo.

    Ora, produzir livros está provado que sabemos faze-lo e bem. E mal ou bem velhos e novos escritores e poetas quixotescamente (cadê a Lei do Livro?) garantem a sobrevivência da literatura e da poesia. Mas a formação de leitores ainda não passa pela cabeça da maioria das pessoas, principalmente os gestores da área. Quase todos acham que basta alfabetizar e comprar livros que todo mundo vai correr para as estantes e começar a leitura.

    Não percebem que formar leitores é um processo lento com início antes mesmo da fecundação (fase individual), durante o período embrionário (fase conjugal) e até por volta dos dez anos de idade (fase familiar). Em qualquer tempo é responsabilidade preponderante dos pais coadjuvados pelo estado (fase regional) na forma de professores, mestres, agentes de leitura, círculos de leitura, caravanas de leitura, caminhos de leitura a serem percorridos na fase nacional com fundos de leitura, leis de leitura, rodas e círculos de leitura nos lares, empresas, escolas, universidades, praças, estações de metrô, de transbordo, aeroportos, etc, e com livros (barateados, Lei do Livro neles, os editores!), bibliotecas vivas, escritores, contadores de histórias, arte-educadores, brincantes, facilitadores e mestres da leitura oral, escrita, visual, corporal, cênica e tecnológica em redes de rodas eletrônicas de leitura bandalargadas (fase internacional/cósmica).
    Que tal colocar (JÁ QUE É BEM MENOR O ANLFABETISMO CINEMATOGRÁFICO E MUSICAL) o mesmo volume (ou mais) de recursos que tem o audiovisual e a música para fomentar e financiar programas e ações de curto, médio e longo prazo em torno da leitura, da leitura literária, da leitura poética, da leitura oral, da leitura de jornal, de revistas, de quadrinhos, de literatura de cordel, principalmente na sala de aula. Então, pessoal, vamos ler, vamos ler, vamos ler!!! É legal.

    Geraldo Maia
    Poeta, escritor, leitor, editor, vendedor de livros, revisor, arte-educador, contador de histórias, consulto literário, gestor privado na área do livro leitura e literatura

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